
Todo lugar é um mirante com vista para todo lugar, e todo mirante é um lugar avistado por todo mirante. Recife é só um começo e a gente é, ao mesmo tempo, anfitrião e hóspede da cidade mundo. Acredite se souber acreditar: o Recife se esfria nos Pampas e os Pampas têm o calor daquele Recife...
Creio num cosmopolita que nasceu num grau de latitude e longitude, assim como todo ponto é também uma espécie de epicentro de tudo, donde emanam olhos para todos os lados. O panoptismo não é um sonho, é uma sina. Daqui eu vejo o Recife como se estivesse eu prostrado no alto do Pirapama, Boa Vista. Aqui eu perco o Recife, sentado num banco da Redenção - onde se forra uma toalha sobre a grama e se toma mate ao sol de domingo, com a prole contente e rósea. Na Redenção até parece haver felicidade: "é outra civilização." É a Pasárgada gaúcha, no centro da cidade e sem muros.A coisa é permutar saberes e fazeres: olhares. Mas não qualquer olhar. É um, em especial... aquele que namora as belezas e feiúras que recobrem esta latina américa. A coisa é a arte, ora tché, ora bixiguenta. E arte é aquela que já era senhora quando Colombo chegou por aqui, e ainda será uma criança quando o sol vier nos engolir, nos fazendo pagar todos os pecados de tamanha resistência.
A arte não tem pátria, língua, mapa: a arte é por ai - creio.